quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Pessoa trans não binária que leva a transição infinita pra todos os aspectos da vida. O corpo é objeto e sujeito de política e de subversão; e assim também acontece na realização de todas as tarefas, sejam consideradas 'cotidianas', 'reais' ou 'artísticas' e 'abstratas'. A imperfeição é o estado constante, não há um ponto one inalmente atingimos o 'onde queríamos chegar', e isso se manifesta o tempo inteiro no corpo de uma pessoa t fora do binário e fora dos padrões cis-hetero-normativos. Qual é a expressão que pode sair de mãos marginais? Não há como enxergar uma linearidade retilínea, a forma em si já é outra desde o corpo, e a multiplicidade formal se apresenta necessária uma vez que a não binariedade transita entre os pontos 'normais' sem jamais atravessar ~A Linha~, vibrando em eterna suspensão. Incorporar os acidentes, transformar e se reapropriar do próprio corpo e das possibilidades de criação e de sentido que sua intervenção no mundo pode criar.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013


E você já era estranha, quando te conheci. Fresca, expirante, abrinte; que eu até suspirei de peito cheio, soltando devagar. Como pode tanta loucura na mesma sabedoria. A merda é que eu quis te saber, mas é insabível. Tem que não ser codificável, é preciso dissonar e rebater. O outro, é ele o revisor de si mesmo. É que é só aprender a escutá-lo como concerto, instrumento por nota por nota. É que é realmente tenso não tentar pôr na pauta, tomar distância.
Me fascinam suas camadas, mas fico rodando pelo lado de fora da pista. Atravessar o magma pra chegar ao centro. E o medo de estourar como ar no barro.
Mas eu correria a maratona em torno de você, me enrolando nos seus cachos. Me sinto um imã em suspensão de gravidade, atraindo e repelindo. Eu não sei tanto que giro.
Tudo me assusta, mas tenho tão devagar que não tenho nada a perder. Não progride, é ilógico. Oscila. A vida e o mar, você.
Acho que você me despreza, mas suas mãos são ternas. Só para mim, ou de nascença? Você pra mim, ou eu pro mundo.
Você é tão mundo que olho pro espelho e me vejo de costas: não sei em quem acreditar.
Te dou a mão, mas acho que os pés não. Cuida bem dela?

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Ser exige muito esforço. Você sempre tem que ser "alguma coisa". É nesse vai-e-vem de rótulos que as cervejas "chocam" - com o perdão da metáfora etílica. Acontece que vira um põe-e-tira-e-põe na geladeira, que o gás espana, e aí vai embora a vitalidade da cerveja - e com ela seus sonhos, valores, ideais e força de superação.
Por favor, deixem a cerveja em paz, ela não precisa de rótulo e lugar especial na geladeira, só precisa ser aberta e degustada no gargalo - é assim que as nuances pululam.
Que tal se a formação primordial do ser humano fosse em degustação de cerveja? Se todos fossem ensinados a beber primeiro primeiro e apreender depois.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013


Chovem luzes lavadas.
No carnaval o tempo passa rápido demais.
Meu coração é dentro. 
Na lama do ainda até que você volte.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Ela vai. Estendo a mão, esgarrada, convocando. Ela vai, vai. A mão cai, me enrolo me encapo de vergonha e medo. Ela foi, não há o grito - perdi a permissão do seu nome. O vazio do estômago se esgueira e chora. . . Foi. E a abertura do meu peito se cava sobre a camada de lava ainda quente. É o único jeito de manter o canal aberto, respirando.
A noite é fria, meu coração quente pulsando à meia luz pelo cadáver da próxima vítima.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

É assustador ser o amor de uma vida. É muita responsabilidade. Assusta pensar que todas aquelas outras pessoas potenciais simplesmente o deixam de ser por sua causa. Dá uma pequenez tão grande sentir-se uma no meio de. 
Mas, sim, você superou todas aquelas pessoas potenciais, sim eu troco todas elas por você porque - porque eu te amo, e você cuida de mim. 
É uma honra ser o amor de uma vida. Ter uma outra vida inteira para cuidar, ter uma outra vida inteira para fazer feliz além da própria. É uma responsabilidade de querer, é inigualável sentir o poder de preencher a carga amorosa de um outro eu.
Sei que assusta pensar nesse tamanho. Mas me parece tão fácil viver assim, e tão errado não viver. Porque é tanto a perder deixar isso de lado - uma vida implica tantas marcas. É errado pensar no não: ser o amor de uma vida é a opção acalentadora. 
Ela quer, e eu também. Diz que eu sou o amor da sua vida - ela pede. Eu digo. E ela repete.

domingo, 7 de outubro de 2012

Meu respiro pulsa, e a batida no seu peito. Reencontramos a felicidade da sincronia.