quinta-feira, 11 de outubro de 2012

É assustador ser o amor de uma vida. É muita responsabilidade. Assusta pensar que todas aquelas outras pessoas potenciais simplesmente o deixam de ser por sua causa. Dá uma pequenez tão grande sentir-se uma no meio de. 
Mas, sim, você superou todas aquelas pessoas potenciais, sim eu troco todas elas por você porque - porque eu te amo, e você cuida de mim. 
É uma honra ser o amor de uma vida. Ter uma outra vida inteira para cuidar, ter uma outra vida inteira para fazer feliz além da própria. É uma responsabilidade de querer, é inigualável sentir o poder de preencher a carga amorosa de um outro eu.
Sei que assusta pensar nesse tamanho. Mas me parece tão fácil viver assim, e tão errado não viver. Porque é tanto a perder deixar isso de lado - uma vida implica tantas marcas. É errado pensar no não: ser o amor de uma vida é a opção acalentadora. 
Ela quer, e eu também. Diz que eu sou o amor da sua vida - ela pede. Eu digo. E ela repete.

domingo, 7 de outubro de 2012

Meu respiro pulsa, e a batida no seu peito. Reencontramos a felicidade da sincronia.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Eu morri. Eu morri e, exatamente porque eu morri, eu agora vivo.
É esquisito pensar assim, mas a vida que se pode dizer plena - no sentido mesmo de completa, de abrangente, no sentido mesmo de vida como uma ameba do mundo -, a vida que se pode dizer plena é feita de várias pequenas mortes.
E eu falo de várias mortes em uma só pessoa. Em cada só pessoa. Mortes que vão tornando cada ser um monte de seres. É complexo, e doi, mas a vida não é una. Há uma história, e o passado amontoa uma construção que até pode ser vista como contínua durante a existência, mas com ciclos e superações - como a comparação que parece idiota, mas talvez se valide pela inocência, de um pokémon que evolui. É um pedaço de mandioca que vira um purê e depois um escondidinho, mas no fundo só se tornou um escondidinho porque uma vez foi mandioca e uma vez foi purê - mas que não vai continuar escondidinho. 
Eu morri, e parece que eu já vinha antecipando a minha morte. Parece que eu vinha tentando me alertar que ia morrer, mas não percebi. E quanto mais eu fracassava no alerta, mais perto estava de perceber, e mais perto estava a minha morte de mim. (In)felizmente, ela chegou antes da ideia. Mas, exatamente por isso, exatamente por tirar meu coração de mim e tostá-lo e devolvê-lo como que cinzas de uva passa, por isso provocou a ideia. A ideia foi convocada porque era a única maneira de re-hidratar o sentimento, e re-calibrar a vida. O ponto é que, convocada ou não, veio de dentro, rasgou a passa e escorreu, envolvendo-a e renovando-a. 
É esquisito. É contraditório. É uma mistura de clarividência, coerção e força de vontade, tudo posto num caldeirão e cozido e cozido. Mas é eficaz. É tomar uma poçãozinha de homeopatia da avó da vizinha, mas com um mecanismo complexo e simples o suficiente para revirar tudo, matar, e viver.
Eu agora vivo; esperando a próxima morte para poder ser ainda um pouco mais feliz e resolvida.