domingo, 25 de dezembro de 2011

De repente eu sinto que ficar sozinha dá muito medo. Quanto mais eu cresci mais medo eu tive. Mais medo eu tenho, e mais medo e mais medo. E me dizem que isso está errado, e que eu estou doente, e que eu preciso de ajuda. Eu não entendo como eles não têm medo. O mundo social é horrificante. A lógica desse mundo mata. A lógica natural também mata, também é petrificantemente cruel e também não faz o mínimo sentido; mas é tão bela no caminho. Eu vejo a beleza, o mundo é lindo. Mas ele não é lindo o tempo todo, e quando não é lindo, doi. Eu não acho que as pessoas sintam a palavra dor em todas as suas pontas. Parece que eu lanço agulhas ao enunciar: dor. Mas a acupuntura dos que me escutam é como se eu fosse perfurada por uma caverna que se fecha de um bocejo com seus dentes de calcário. E doi. E quando eu peço ajuda, eles não me entendem, e eu não entendo como é viver sem essa dor. Como é não entender essa dor. E não sabem me explicar, porque para eles é simplesmente a vida. Então estou doente. Então preciso de cura. Eu só queria saber por quê. Eu só queria saber por que é impossível ser tão palpavelmente lindo o tempo todo. Eu só queria saber por que é tão errado precisar de acolhimento o tempo todo.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Andei pensando: talvez eu nunca entenda como é ser mulher. No sentido clássico do gênero, a mulher que usa maquiagem, roupas femininas e pensa como mulher. E quer o que a mulher quer. Eu nem sei o que a Mulher quer - mulher com M maiúsculo pleonástico e com artigo definidor. Eu sou uma mulher, obviamente, mas não penso como mulher. Obviamente também não penso como homem e passo ainda mais longe de sê-lo.
Não é à toa que a sociedade me estranha. Sou descategorizada.