segunda-feira, 11 de junho de 2012

Eu quero doer. Se eu não quisesse doer já teria parado. Parar de doer só requer força - eu tenho força. Só que tem um jeito mais interessante - doer chama a atenção, doer é uma desculpa para receber amor. 
Mas o amor nega, não é bobo. O amor só se dá naquela mesma dose, e não cura. E me deixa chorando e me obriga a refletir."Você está pedindo demais", cospe o amor, pulsando de longe, "eu já sou seu".
E sim, eu sei que tenho o amor. Se atinjo por segundos meu registro racional, sim, eu tenho o amor. Mas o medo puxa, suga tudo, porque tendo medo e tendo dor, tenho a falta. E exijo seu preenchimento.
E aí percebo que exijo demais - finalmente percebo. "Será que é pedir demais?"- "É". Bem quando eu achava que não existia isso de pedir demais...
É claro. Se eu não quero ficar comigo porque me acho insuportável quando doída, como exigir mais do amor que já fica comigo sempre?
É horrível, mas concluo que o único jeito de ter amor, é segui-lo na sua fuga de mim.




... mas como...?

domingo, 10 de junho de 2012

E quando de repente percebe que parou de sentir? E que precisa daquela mão, daquela voz, daquele cheiro. Tinha tudo ontem, mas não sentiu, porque esqueceu de fazê-lo. Porque sentir tudo requer uma sensibilização que dificilmente vence da frieza que é requerida para viver a vida. Muitas vezes luta contra ela, mas forçar o sentir só a faz ver melhor a pior de suas faces. Talvez seja necessário o descanso mental, talvez seja necessário um depositório externo para toda essa cobrança e essa culpa. Férias é suficiente? Nada é suficiente o suficiente. Na verdade a sensibilização volta com aquele pequeno sofrimento que vai e vem. Talvez seja este o seu papel - fazê-la acordar para o que realmente importa quando tudo é posto em perigo. Quando a felicidade quase cai e ela é obrigada a pegá-la antes que quebre e se desmantele - é aí que vê o que realmente é felicidade e o que pode, eventualmente, deixar cair.
A dor renova. Limpa tudo, purifica, abre a ferida e a põe pronta a perdoar, a agradecer e a dar carinho. Muito carinho. Porque a dor a faz ver o quanto ela precisa dele.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Viver com a verdade doi de pontadas constantes. Doi mais do que se espera, quando se vem de uma vida de porcelana e não-dizeres. 
Viver sem a verdade vai doer e não doi; vai doer e não doi; vai doer e não doi; vai doer e não doi. Daí de repente doi tudo de uma vez e despenca. 
A mentira doi muito mais, mas é preferida por doer de venda nos olhos e tampão de ouvido.