quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Aqui, tomarei préstimo das palavras do meu querido compadre Riobaldo, que já era um sabe-das-coisas, mais do que se hoje costuma ser:

"Diz-que-direi ao senhor o que nem tanto é sabido: sempre que se começa a ter amor a alguém, no ramerrão, o amor pega e cresce é porque, de certo jeito, a gente quer que isso seja, e vai, na ideia, querendo e ajudando; mas, quando é destino dado, maior que o miúdo, a gente ama inteiriço fatal, carecendo de querer, e é um só facear com as surpresas. Amor desse, cresce primeiro; brota é depois. Muito falo, sei; caceteio. Mas porém é preciso. Pois então. Então, o senhor me responda: o amor assim pode vir do demo? Poderá?! Pode vir de um-que-não-existe?"

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Nostalgia é a melhor das sensações. Quer dizer que você não se arrepende do passado.
E acertar o passado é o primeiro passo para acertar o presente.

sábado, 27 de agosto de 2011

É tudo muito simples - e como todos complicam demais eu vou explicar o que é a verdade. Carinho: é do que os seres humanos precisam.
A vida é par, essa é a verdade. A unidade mínima é dois de tudo que se tem um e quatro de tudo que se tem dois.
Presença, preenchimento, físicos e mentais.
E esse papo de que amor não existe é a maior balela de todas.

domingo, 21 de agosto de 2011

Uma coisa eu não entendo: essa mania de relacionar maturidade a vida boa. Entenda-se vida boa como vida sem erros. Os lamentos da juventude, das aventuras frustradas, as precauções excessivas para com os mais novos, as broncas, conselhos, proibições. A vida para quem tem cinquenta anos deve começar aos cinquenta anos, quando se tem estabilidade monetária, emocional e, principalmente, maturidade intelectual. Essa é fase da vida em que se faz as escolhas certas.Apesar de tudo isso, querem o corpo de vinte anos atrás.
Eu tenho um corpo de trinta e um anos atrás, tenho a vontade. Não tenho renda, não tenho experiência emocional e intelectual acumulada há mais de quarenta anos. Só que a única maneira de acumular a experiência é tendo-a. A maturidade vem da vivência da própria vida, quer com acertos, quer com erros. 
Erros, eles são tão relativos. 
Além disso esperar trinta e um anos para começar a viver só porque é mais seguro é como congelar o tempo. Esperar para começar a acumular experiência aos cinquenta só atrasa os anos de acúmulo de experiência em trinta e um anos; é começar os cinquenta com corpo de cinquenta e cabeça de vinte - e quem é que quer isso, hein?
A vida só é vida se tiver um desenrolar, se não é limbo. Eu vivo, não nado no lodo.
Com ou sem maturidade-do-que-quer-que-seja, eu sou feliz e não machuco ninguém com isso. E se eu aprendi alguma coisa, que vai ser a base da minha pirâmide de experiência acumulada daqui a cinquenta anos, é que eu não vou dizer a ninguém que essa pessoa é muito nova para sentir isso ou aquilo.

sábado, 13 de agosto de 2011

Ele é grande. Alvo, alto, largo mesmo. Ela é pequenininha, moreninha, delicada e feminina. Tão diferentes e encaixam tão bem. A mão dele engole a dela, a envolve como uma manta. Eu tenho uma altura mediana, acho chato diferença de altura e hierarquização das funções. Me tranquilizou ver as mãos deles assim, ignorando as discrepâncias, se completando pelos opostos - talvez a dupla diferenciação faça ambos os potenciais de incômodo se anularem mutuamente, apesar dessa frase não fazer sentido. Eu não sou tão feminina. Vendo os dois eu lembrei das suas mãos. E de como elas encaixam nas minhas como um imã, e de como não doi ter os meus dedos espaçados pelos seus - como quando doi porque eles são largos demais e fazem alongamento nos da outra pessoa. E de como o meu ombro encaixa na sua axila e de como olhar para você não dá torcicolo. E de como é suavemente compatível. E eu sorri.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

E no fundo tudo é um mar pontilhado de núcleos primitivos de fraqueza. De medos, de dores, de insegurança, cobertos com pilhas de finos mantos de um translúcido permeável, mas psiquicamente impenetrável. E as diferenças visuais, os atributos externos, impregnam a hierarquia dos eus - a discrepante hierarquia dos eus. Mas no fundo é tudo impulso, é tudo desejo irrealizado. Irrealizável. É tudo abismo. 
No fundo, no fundo mesmo, é tudo carne. É tudo igual - é tudo carne, e busca por carne, e refúgio na carne, e perda da carne. O psicológico é um nível transitório, e no final é o físico. E todos são físico, o mesmo físico, a mesma condição impotente. Eu você e ele(a).