A doce ruivinha cacheada espichava e se ria atrás do boné verde do castanhinho que escalava o baobá. Os dois singelavam a vida por horas, juntos, todos os dias, imaginando, em seu mundo de caramelo-chocolate-biscoito-de-baunilha, que se teriam assim, um ao outro, para todo o sempre. Eram amigos, simples assim. Os laços da amizade são tênues teias psicologicamente recíprocas-ou-não.
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Ele lhe disse que a amava um dia, muitas primaveras depois, e ela começou a costurar o fio intangível que os unia, com diversas linhas multicoloridas com cheiro de calda de açúcar.Os subjetivos caminhos mentais são frágeis relatividades comestíveis; mas ela insistia na sua busca por alguém que lhe dissesse sem motivo "não se preocupe, não vou a lugar algum".
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Demorou para fazer efeito a dose de "eu te amo" tomada de bom grado, com uma pitada de pimenta e milhares de gotas de ilusão. Os efeitos colaterais não previstos pela bula foram o desaparecimento imediato do castanho e um bebê.
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Com a vida destrambelhada, a fadiga intrínseca e o dinheiro escasso, o bebê começou a enrolar em si, com palitinhos de comida japonesa, o fio colorido arrebentado. Os laços maternos são biologicamente recíprocos, infinitos desde o antes para todo o depois.
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E como uma verdade atemporal axiomática, a espera e a decepção se compensaram pelo doce som espichado de "mãe", que se repetia confortavelmente, como uma fabulosa concretude infinita.
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Os seres humanos necessitam da certeza da posse.