quarta-feira, 16 de outubro de 2013


E você já era estranha, quando te conheci. Fresca, expirante, abrinte; que eu até suspirei de peito cheio, soltando devagar. Como pode tanta loucura na mesma sabedoria. A merda é que eu quis te saber, mas é insabível. Tem que não ser codificável, é preciso dissonar e rebater. O outro, é ele o revisor de si mesmo. É que é só aprender a escutá-lo como concerto, instrumento por nota por nota. É que é realmente tenso não tentar pôr na pauta, tomar distância.
Me fascinam suas camadas, mas fico rodando pelo lado de fora da pista. Atravessar o magma pra chegar ao centro. E o medo de estourar como ar no barro.
Mas eu correria a maratona em torno de você, me enrolando nos seus cachos. Me sinto um imã em suspensão de gravidade, atraindo e repelindo. Eu não sei tanto que giro.
Tudo me assusta, mas tenho tão devagar que não tenho nada a perder. Não progride, é ilógico. Oscila. A vida e o mar, você.
Acho que você me despreza, mas suas mãos são ternas. Só para mim, ou de nascença? Você pra mim, ou eu pro mundo.
Você é tão mundo que olho pro espelho e me vejo de costas: não sei em quem acreditar.
Te dou a mão, mas acho que os pés não. Cuida bem dela?

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Ser exige muito esforço. Você sempre tem que ser "alguma coisa". É nesse vai-e-vem de rótulos que as cervejas "chocam" - com o perdão da metáfora etílica. Acontece que vira um põe-e-tira-e-põe na geladeira, que o gás espana, e aí vai embora a vitalidade da cerveja - e com ela seus sonhos, valores, ideais e força de superação.
Por favor, deixem a cerveja em paz, ela não precisa de rótulo e lugar especial na geladeira, só precisa ser aberta e degustada no gargalo - é assim que as nuances pululam.
Que tal se a formação primordial do ser humano fosse em degustação de cerveja? Se todos fossem ensinados a beber primeiro primeiro e apreender depois.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013


Chovem luzes lavadas.
No carnaval o tempo passa rápido demais.
Meu coração é dentro. 
Na lama do ainda até que você volte.